E não sou eu quem faz isso?
Que faz o meu próprio sofrimento,
que causa o meu próprio tormento?
Que me escondo as verdades
as encarando mais do que tardiamente?
Não sou eu quem mais me prezo,
e mesmo assim quem mais desprezo?
Não poderia sentir menos ódio ou mais amor por qualquer outra pessoa,
Não é assim?
O ódio oposto do amor,
o amor numa linha tênue entre o ódio?
E não sou assim?
Meu reflexo num espelho e eu mesma aqui em terra?
o que sou e o que sinto não são minha essência?
assim como o ar que respiro e expiro?
Então sou eu quem mais me admiro
e ao mesmo tempo, sou eu que mais repudio,
Assim sou,
eu e somente eu,
sozinha, mas cercada de pessoas
num mundo cheio, mas num mundo só meu
Com a voz que sai e a voz na minha cabeça
Não espero que esqueça,
não quero que me esqueça
estou aqui,
mas no fundo sei que não ser por muito tempo
estou aqui,
mas também não estou.
Quero estar,
mas não vejo sentido
estou falando de mim mesma,
não me vejo sentido,
só sinto,
não me vejo vivendo, por que estou vivendo
em conflito,
diariamente e sem pausa sequer
não me canso, e se faço não noto
só estou aqui,
em 1, 2 e 3 mudarei de lugar
inquieta,
me atirarei a aquilo
Para aquele caminho,
Aquele destino.
