terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Visita de Thor a Jotunheim, O País dos Gigantes




        Certo dia, o deus Thor, com seu criado Tialfi e acompanhado por Loki, partiu para uma viagem ao país dos gigantes. Tialfi era o mais veloz na carreira de todos os homens. Carregava a mochila de Thor, que continha as suas provisões. Quando chegou a noite, eles se viram numa imensa floresta e procuraram, em todos os lados, um lugar onde pudessem se abrigar, chegando, afinal, a um grande palácio, com uma entrada que ocupava uma de suas fachadas inteira. Ali se deitaram para dormir, mas à meia-noite foram alarmados por um tremor de terra que sacudiu todo o edifício. Thor, levantando-se, chamou os companheiros para procurarem, com ele, um lugar seguro. A direita encontraram um aposento adjacente, no qual os outros entraram, enquanto Thor ficava à porta empunhando seu malho, disposto a defender-se se acontecesse alguma coisa. Ouviu-se, durante a noite, um terrível rugido e, ao amanhecer, Thor saiu e encontrou estendido perto de si um enorme gigante que dormia e roncava, produzindo o rugido que o assustara tanto. Conta-se que, pela primeira vez, Thor teve medo de se utilizar de seu malho e, como o gigante tivesse acordado, limitou-se a perguntar-lhe o nome.
— Chamo-lhe Skrymir — disse o gigante. Mas não preciso perguntar teu nome, pois sei que tu és o deus Thor. O que aconteceu, porém, com a minha luva? Thor percebeu, então, que aquilo que tomara, durante a noite, por um palácio, era a luva do gigante, e o quarto onde seus companheiros se haviam refugiado, o dedo polegar da luva. Skrymir propôs, então, que viajassem juntos e, tendo Thor concordado, eles se assentaram para fazer a refeição matinal, depois do que Skrymir arrumou todas as suas provisões em uma mochila, que atirou às costas, e pôs-se a caminhar à frente dos outros, que só a custo acompanhavam seus passos enormes. Assim viajaram durante todo o dia; ao anoitecer, Skrymir escolheu um lugar para passarem a noite, sob um grande carvalho, e disse aos outros que iria deitar-se para dormir, acrescentando: — Ficai com a minha mochila e preparai vossa ceia. Dentro em pouco, o gigante estava dormindo e roncando, mas Thor, tentando abrir a mochila, verificou que Skrymir a amarrara tão bem que era impossível desatar um único nó. O deus acabou se irritando e, agarrando o malho com ambas as mãos, desfechou uma furiosa pancada na testa do gigante. Skrymir, acordando, limitou-se a perguntar se havia caído alguma folha em sua cabeça e se eles haviam ceado e já iam dormir. Thor respondeu que já iam dormir e, assim dizendo, foi se estender embaixo de uma outra árvore. Não conseguiu, porém, conciliar o sono e, quando Skrymir recomeçou a roncar com tanta força que o ruído ecoava pela floresta, ele se levantou e, segurando o malho desfechou uma pancada com tanta força no crânio do gigante que produziu uma profunda depressão. — Que aconteceu? — gritou Skrymir acordando. — Há pássaros empoleirados nessa árvore? Senti um pouco de musgo dos ramos cair em minha cabeça. Que tens, Thor? Thor tratou de afastar-se rapidamente, dizendo que acabara de acordar,e que, como era apenas meia-noite, ainda havia tempo para dormir. Estava disposto, porém, a chegar a uma decisão, se tivesse oportunidade de desfechar uma terceira pancada. Pouco antes do amanhecer, percebeu que Skrymir dormira de novo e, mais uma vez, pegou o malho e deu uma pancada com tal violência que o mesmo penetrou na cabeça do gigante até o cabo. Skrymir, porém, sentou-se e esfregando a cabeça, exclamou: — Uma bolota caiu em minha cabeça. O quê? Estás acordado, Thor? Acho que já é hora de nos levantarmos e nos vestirmos. Mas não tendes de andar muito para chegardes à cidade chamada Utgard. Eu vos ouvi sussurrando uns para os outros que não sou um homem de pequenas dimensões. Ao chegardes em Utgard, porém, vereis muitos homens mais altos do que eu. Aconselho-vos, portanto, quando ali chegardes, a não terdes confiança demasiada em vós mesmos, pois os seguidores de Utgard-Loki não admitirão fanfarronadas de criaturinhas tão pequenas quanto vós. Deveis seguir a estrada que segue para leste e a minha vai para o norte. Portanto devemos aqui nos separar. Assim dizendo, atirou a mochila aos ombros e, virando as costas, entrou na floresta, deixando Thor sem nenhuma vontade de detê-lo e pedir-lhe para continuar fazendo-lhes companhia. Thor e seus companheiros seguiram viagem e, por volta de meio-dia, avistaram uma cidade no meio de uma planície. Era tão alta que eles foram obrigados a dobrar a cabeça até quase os ombros para poder avistá-la até em cima. Continuaram a andar e entraram na cidade e, avistando diante deles um grande palácio com a porta escancarada, nele penetraram e ali encontraram um certo número de homens de estatura prodigiosa, sentados em bancos, em um salão. Continuando a caminhar, chegaram diante do rei, Utgard-Loki, a quem saudaram com grande respeito. — Se não me engano, este rapazola ali deve ser o deus Thor — disse o rei, encarando-os com um sorriso zombeteiro. Depois, dirigindo-se a Thor acrescentou: — Talvez valhas mais do que pareces. Em que tu e teus companheiros vos destacais, pois não tem permissão de permanecer aqui quem não se destaca, desse ou daquele modo, sobre os outros homens?
— O que sei com perfeição — disse Loki — é comer mais depressa do que qualquer outra pessoa, e estou disposto a oferecer uma prova, enfrentando qualquer um que seja escolhido para competir comigo. — Será uma qualidade levada em conta, se conseguires fazer o que prometes, e vamos tentar agora mesmo — replicou o Utgard-Loki. Ordenou, então, que se aproximasse e experimentasse sua capacidade, em comparação com Loki, um homem que estava sentado na extremidade do banco e que se chamava Logi. Tendo sido colocado no salão um recipiente cheio de carne, Loki colocou-se de um lado do mesmo e Logi de outro lado, e cada um começou a comer tão depressa quanto podia, até os dois se encontrarem no meio do recipiente. Verificou-se, porém, que Loki comera apenas a carne, ao passo que seu adversário devorara tanto a carne quanto os ossos. Assim todos os presentes proclamaram que Loki fora vencido. Utgard-Loki perguntou, então, que façanha seria capaz de executar o jovem que acompanhava Thor. Tialfi respondeu que correria a tal velocidade que ninguém seria capaz de se emparelhar com ele. O rei observou que tal capacidade era algo que realmente podia ser apresentado, mas que, para vencer a competição, o jovem precisaria ser muito ágil. Levantou-se, então, e dirigiu-se, com todos os presentes, a uma planície onde havia um bom terreno para corrida, e, chamando um jovem por nome Hugi, ordenou-lhe que disputasse uma corrida com Tialfi. Na primeira corrida, Hugi ficou tão à frente de seu concorrente que o alcançou por trás, não muito distante do ponto de partida. Correram uma segunda e uma terceira vez, mas Tialfi não foi melhor sucedido. Utgard-Loki dirigiu-se a Thor: que façanha estaria disposto a executar para provar que merecia, realmente, a fama que tinha? Thor respondeu que disputaria uma prova de bebida com qualquer um. Utgard-Loki mandou seu copeiro buscar o grande chifre que seus seguidores eram obrigados a esvaziar quando alguns deles cometiam qualquer falta que implicasse violar os costumes do festim. Tendo o copeiro apresentado o chifre a Thor, Utgard-Loki explicou: — Quem é bom bebedor, esvazia esse chifre de um só gole, embora a maior parte dos homens o esvazie de duas vezes, e os fracos só o consigam de três.
Thor olhou para o chifre, que não era de tamanho descomunal, embora muito comprido. Como estava sedento, levou-o aos lábios e bebeu durante o maior tempo que pôde, a fim de não ser obrigado a tomar um segundo gole, mas, quando afastou o copo dos lábios e o olhou, percebeu que a bebida mal havia diminuído. Depois de respirar com força, Thor tentou outra vez, com toda a energia, mas após afastar o chifre da boca teve a impressão de que bebera ainda menos que da vez anterior, conquanto a bebida já não respingasse agora. — E então, Thor? — exclamou Utgard-Loki. — Não deves te poupar; se queres esgotar o chifre no terceiro gole, precisas beber muita coisa, e devo dizer que não serás considerado aqui um homem tão forte quanto és em tua terra, se não executares outras façanhas melhor do que estás executando esta. Furioso, Thor levou novamente o chifre aos lábios, e fez o possível para esvaziá-lo; mas, ao olhar a bebida, viu que ela estava apenas um pouco mais baixa. Assim, resolveu não tentar outra vez e devolveu a vasilha ao copeiro. — Agora estou vendo que não és o que julgávamos que fosses -disse Utgard-Loki. Poderás, no entanto, tentar outra façanha, embora me pareça que não tens condição para conquistar qualquer prêmio. — Que experiência propões agora? — perguntou Thor. — Costumamos praticar aqui uma brincadeira da qual participam somente as crianças — respondeu Utgard-Loki. Consiste apenas em levantar meu gato do chão, e eu não me atreveria a propor tal coisa ao grande Thor, se já não tivesse observado que não és, de modo algum, o que esperávamos. Mal acabara de falar, um grande gato cinzento entrou no salão. Thor segurou-o pela barriga e fez o possível para levantá-lo do chão, mas o gato, recurvando as costas, tornou vãos todos os esforços do deus, que não conseguiu levantar senão uma pata do animal. Vendo isso, Thor desistiu de fazer nova tentativa.
— A experiência deu o resultado que eu esperava — disse Utgard-Loki. O gato é grande, mas Thor é pequeno em comparação com nossos homens. — Pequeno como sou — retrucou Thor —, deixa-me ver quem de vós, agora que estou enfurecido, estará disposto a lutar comigo. — Não vejo ninguém — disse Utgard-Loki, olhando para os homens sentados nos bancos — que não se julgasse diminuído lutando contigo. Deixarei, contudo, que alguém vá chamar a velha Elli, minha ama, e Thor lutará com ela se quiser. Ela já lançou ao chão muitos homens como tu, Thor. Entrou no salão, nesse momento, uma velha desdentada, a quem Utgard-Loki deu ordens de lutar com Thor. Não é preciso dizer que, por mais que Thor se esforçasse, não conseguiu derrubar a velha. Depois de uma violenta luta, Thor começou a ceder terreno, e afinal caiu ajoelhado. Utgard-Loki disse-lhe, então, para desistir, acrescentando que Thor não teria mais oportunidade de lutar com outra pessoa e que já estava ficando tarde; levou Thor e seus companheiros para os aposentos em que eles passaram a noite. Na manhã seguinte, ao nascer do dia, Thor e seus companheiros vestiram-se e preparam-se para partir. Utgard-Loki mandou servir uma mesa repleta de iguarias e bebidas.
               Depois do repasto levou os hóspedes até a porta da cidade, e, antes que aqueles partissem, perguntou a Thor o que achava de sua viagem e se havia encontrado algum homem mais forte do que ele próprio. Thor respondeu que não podia negar que se sentia envergonhado. — E o que mais me aborrece — acrescentou — é que podeis me chamar de uma pessoa de pouco valor. — Não — disse Utgard-Loki. — Agora que estás fora da cidade, posso dizer-te a verdade: enquanto eu viver e mandar, jamais entrarás aqui de novo. E, palavra de honra, se eu tivesse sabido antes que tinhas tanto vigor e me levarias tão perto do revés, não teria permitido que aqui entrasses desta vez. Fica sabendo, portanto, que te iludi durante todo o tempo, com minhas artimanhas. Primeiro, na floresta, amarrei a mochila com arame para que não pudesses desamarrá-la. Depois, tu me deste três pancadas com teu malho. A primeira, embora a mais fraca, teria terminado com meus dias se me tivesse atingido, mas deslizei para um lado e tuas pancadas atingiram a montanha, onde abriram três fendas, uma das quais de grande profundidade. Lancei mão de recursos semelhantes, nas provas que disputastes com meus homens. Na primeira, Loki, como a própria fome, devorou tudo que tinha diante dele, mas Logi era, na realidade, nada menos que o Fogo e, portanto, consumiu não apenas a carne mas o osso que a sustenta. Hugi, com quem Tialfi disputou a corrida, era o Pensamento, sendo impossível para Tialfi correr na mesma velocidade que ele. Quando tu, por tua vez, tentaste esvaziar o chifre, executaste uma façanha tão maravilhosa que, se eu a não tivesse visto, não teria acreditado. De fato, uma das extremidades daquele chifre ia dar no mar, que tu não conseguiste esgotar, mas, quando chegares à praia, perceberás quanto do mar foi por ti bebido. Realizaste uma façanha não menos maravilhosa com o gato e, para dizer-te a verdade, quando vimos que uma de suas patas estava acima do chão, nós todos ficamos horrorizados, pois o que julgavas ser um gato era, na realidade, a serpente do Midgard, que rodeia a Terra e foi tão distendida por ti que mal conseguiu rodeá-la entre sua cabeça e sua cauda. A luta com Elli não constituiu façanha menos admirável, pois jamais houve um homem ou haverá que, mais cedo ou mais tarde, não acabe sendo vencido pela Velhice, e era isso que Elli era realmente. Agora, porém, que vamos nos separar, deixa-me dizer-te que será preferível para nós que jamais te aproximes de mim novamente, pois, se assim fizeres, defender-me-ei, outra vez, por meios de artimanhas, de modo que desperdiçarás teus esforços e não adquirirás fama lutando comigo. Ouvindo tais palavras, Thor, enfurecido, levantou o malho e teria desfechado uma pancada, se Utgard-Loki não tivesse desaparecido. Quando voltou à cidade para destruí-la, Thor nada encontrou além de uma verdejante planície.
                                                    Fonte:
- A Historia de Ouro da Mitologia- Histórias de Deuses e Herois de Thomas Bulfinch

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Dúvidas entre o Sempre e o Nunca.

     
           O sempre é demasiadamente longo, assim como o nunca é grande demais para qualquer um.
Sendo assim o sempre e o nunca são deverás semelhantes, mesmo sendo tão diferentes, não podem se encontrar em nenhum momento, mesmo estando tão próximos que quase conseguem se tocar por serem extremos em suas próprias circunstâncias.
           Mas mesmo assim parece complexo achar um meio termo, geralmente é: "Agora ou Nunca"; ou " Hoje e Sempre" esse nunca e esse sempre não se encontraram... Que sua única utilidade é de dar impacto ou algum sentido a uma frase já é sabido, que um ser humano não consiga cumprir o seu nunca e o seu sempre pode ser visivelmente compreendido, afinal o ser humano não é o mesmo por todo o sempre de sua vida, e as suas circunstâncias não garantem nunca mudarem.
          Imagino que ainda que sejam palavras tão definidas e que não admitam discussão sequer ao serem proferidas elas tenham tantas falhas quanto as bocas que as articulam, se eu digo algo como o clichê “Eu sempre te amei”, eu estou sendo totalmente hipócrita, afinal eu não conheceria a pessoa desde sempre, e creio que o amor não brota como feijão no algodão a mesma coisa do ódio, se eu falar “ Eu sempre te odiei”, eu seria no mínimo uma pessoa superficial e sem algum julgamento que se valha, por odiar uma pessoa desde sempre sem algo significativo ter ocorrido  que relevaria esse ódio perpetuo, se bem que eu também não acredito na palavra ódio propriamente dita no sentido exato da palavra, mas isso deveria ficar pra outro tópico, pra quando eu sentir algo parecido e falar com alguma emoção.E sobre o amor e qualquer outro sentimento eu acho humanamente impossível eles serem contínuos, eles podem estar lá, mas não quer dizer que serão usados constantemente, afinal sentimentos são como pares de sapatos, você pode usar para cada pessoa no maximo dois sapatos, já que as pessoas têm apenas dois pés, e acredito que limitadamente você terá dois sentimentos pra  essa pessoa, um oposto do outro, e no decorrer da conversa por exemplo você escolhera com que pé pisar no pé dessa pessoa, se for com o pé da bondade ou da maldade e que depois disso é claro que você pode trocar seu par de sapato para alguma outra dupla de sentimentos, mas é obvio que há sempre quem goste de usar sapatos nas mãos para tentarem expressar mais de um sentimento por vez.
             Já sei o que fica entre o sempre e o nunca, é a dúvida! Sim claro que é a duvida, como não pensei nisso antes? O que te faz pensar em fazer algo que jurou que nunca faria? A não ser aquela pequena duvida que lhe induz a pensar em como seria se você fizesse? E ainda um caminho que você passa a sempre percorrer, e um dia surge a duvida do motivo de você sempre percorrer esse caminho?
           Bem, não acredito que as duvidas tem algo de maligno, menos quando você está fazendo alguma prova de assinalar e está em duvida entre duas ou todas as letras, nesse caso é pura sacanagem principalmente quando você escolhe a alternativa errada. Tirando isso a duvida é ferramenta muito útil da nossa mente, para nos ajudar a não seguir palavras como sempre ou nunca a risca, para que possamos arriscar outra coisa, outro sentimento, seguir nossos instintos sem estarmos atados a meras palavras.                    
           Vendo assim a duvida é muito importante para o desenvolvimento do intelecto de qualquer ser humano, pois afinal o importante não são as respostas e sim as perguntas, e da onde vieram essas perguntas a não ser de nossas duvidas?


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

.-.

         Imagino que um dia cada pessoa desse imenso globo terrestre precisará passar em algum momento de sua vida, por uma crise existencial. É, minha vez chegou e eu não estou gostando nada disso.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012


"Se você quer algo você tem que correr atrás"
Eu prefiro correr na direção oposta, pra que o que eu quero fique longe do meu caminho e não me atrapalhe em outras coisas.
E que se for pra ser, eu conseguirei o que eu almejo de qualquer jeito, não importa se eu corri ou não, uma hora o destino vai ver que chego a hora, por isso se preocupar e se desgastar correndo atrás de tudo é tolice. E desculpa pra quem não tem outra coisa em que pensar u.ú
 So Sorry.

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Casa




Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer xixi
Porque pinico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos número zero 


Vinicius de Morares

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


"Todos nós somos um mistério para os outros... E para nós mesmos." (Érico Veríssimo)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eu tenho um gato, não preciso de ninguém humm*
É como se fosse uma continua corrida
Onde corremos tanto como se fosse por nossas vidas
Rápidos, ligeiros são adjetivos que se adéquam perfeitamente a nós
Corremos tanto, que já nem sei de quem ou do que corremos
Não me recordo de parar alguma vez, só sei que agora corro de mim mesma
Tento em vão me perseguir sem nunca me alcançar
  Fugindo da minha sombra, querendo que ela me capture
Mesmo sabendo que é um desejo invalido
Pois sempre quando ela quase chega a mim
Ela me abandona, me deixando sozinha apenas comigo mesma
Por isso eu corro mais, mais, mais e mais
Creio que não gosto da minha companhia, principalmente quando estou com você
Quando estou com você eu não me pertenço mais.
Mesmo sendo dona de mim mesma e senhora da minha razão
Acho que você me alcançou por isso me comporto assim
Sem nunca correr muito longe de você, afinal você é mais rápido que eu
E se já me alcançou uma vez, me alcançara de novo
Mas mesmo assim eu corro... Mesmo que seja em vão.
Imagino que gosto da adrenalina da sua perseguição
Só detesto quando você corre de mim,
Você sempre em linha reta enquanto que eu corro em ziguezague
Deve ser por isso que eu não te encontro, mas sempre acabo tropeçando no seu caminho
Acho engraçado o jeito que você me olha quando eu atrapalho a sua corrida
E você tem que me carregar, pois não consigo levantar de tanto rir
E mesmo gostando de ser carregada por você, eu ainda prefiro correr sozinha

Mesmo abandonada por minha sombra e sozinha em uma estrada silenciosa
Apenas eu comigo mesma
Apenas com o som do meu coração batendo e da minha respiração irregular
Sou eu correndo por uma rua estreita, e meu sangue correndo em meu corpo
Eu corro por uma vida, e meu sangue corre por minha vida
Vendo assim não estou tão sozinha, não é mesmo?
Cada parte de mim corre comigo, assim como cada parte de ti corre contigo
Assim evito correr contigo o maximo que consigo
Mas é inevitável te evitar
Nossos caminhos sempre se cruzam e acabamos sempre correndo na mesma direção
Por isso, mesmo o curto período de tempo que corro longe de você
Me pego correndo pra você

É demais, demais pra eu agüentar
Demais pra eu afastar
Pequeno o bastante pra caber dentro de minhas mãos quando fechadas
E mesmo assim, precioso  demais pra encher todo o meu ser
Como fugir de algo que está dentro de mim?
Esconder-me? De quem a não ser de mim mesma.
Não posso assumir algo que considero minha fraqueza,
Nem irei demonstrar da maneira que me pede.
É meu castigo, minha vergonha e mesmo assim meu sentimento mais estimado.
Eu consigo trancá-lo, mas já não mais por muito tempo
Você colocou essa maldição dentro de mim, com palavras sussurradas
Que como se fossem uma prece me fazem atendê-lo
Você fez com que eu o amasse ainda mais.
Foi maldade! Muita maldade de sua parte, e não me olhe assim, pois eu sei que fez de propósito.
Eu sei que foi no intuito de me punir, pois você achava que eu não te amava
Quando seu nome já estava gravado em chamas em meu coração,
Quando sua imagem estava obstruindo todo meu campo de visão
Mas você não sabia, sabia?
Eu sei que não, pois eu conseguia esconder tudo isso atrás da minha muralha de gelo.
Mas agora eu já não a tenho, e eu te culpo por isso, deveria até mandar prendê-lo
Pois você a destruiu! Como pôde ser tão ousado?
Fez buracos por toda a proteção que fiz para te manter afastado.
Isso não foi certo, não foi gentil de sua parte me deixar a sua mercê.
E não tente dar desculpas para isso.
Apenas não pense que eu estarei vulnerável o bastante pra que você acabe comigo
Não, eu mesma irei acabar com tudo isso.
Devolver-te-ei a mesma maldição, não com a sua moeda, apenas com a minha
E mesmo que tenha que por grilhões em suas pernas você não irá fugir de mim, como eu fugi de você.
Não direi que te amo da boca pra fora, eu direi por que é a verdade,
A verdade que eu tento esconder com garra e perseverança
E eu não preciso que você me repreenda por isso, seria hipocrisia da sua parte, pois você faz a mesma coisa
Mas acredito que você é muito melhor que eu nisso...
Pois eu nunca sei o que você está pensando.
Eu já não consigo suster tudo isso, essa farsa que estamos interpretando
Que ocorre como uma tragédia, onde ambos saem perdendo parte de si.
Eu não quero mais, não quero fingir que não te quero por medo de te ter.
Agora eu sei que eu só te quero por amor a você.
E bem, seria bom que você me quisesse perto de ti.
Mas você sabe que não tem escolha, sim?
Mesmo que se negue a dividir uma vida comigo, eu te forçarei
Mesmo que tenha que arrastá-lo até o porão e te trancar lá dentro comigo junto.
 Mesmo que tenha que te arrastar amarrado em meu cavalo e trancá-lo em uma torre
Isso mesmo, você não tem alternativa.
Você sabe que sempre fui inflexível a seu respeito.
Minha teimosia não mais me afastará de você, só te manterá onde eu possa ver.
     - Réia. 

 ps: Trecho do livro que estou escrevendo kkk :D